terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A New Era Has Began

Por que será que hesitamos?

Na vida, parece-me que ninguém pode dizer que nunca hesitou.

Eu também já o fiz. Vezes de mais talvez, mas isso nunca saberei.

De qualquer forma, procuro não demonstrar as minhas hesitações.

Afinal a hesitação pode ser um sinal de fraqueza, de falta de confiança, de medo.

Mas neste caso acho que não foi nada disso, apenas estava à espera do momento certo e da inspiração reveladora para poder falar sobre o dia em que conheci o homem que vai mudar o mundo.

Não digo o mundo em geral, afinal nenhum humano conseguiu até agora "mudar o mundo". Não digo para sempre, afinal ninguém consegue faze-lo por mais que uns breves momentos.

Até o jornalista iraquiano que na semana passada atirou os sapatos ao George W. Bush mudou o mundo. Falou-se dele em todo o lado, muitos comentaram, milhares ficaram indignados, milhões riram até cair no chão. Confessemos: foi muito giro, até porque descobrimos que o GWB tem jogo de cintura e golpe de rins.

Mas a personalidade de que vos queria falar mudou o mundo, não o mundo todo com certeza que não para sempre.

Mas mudou o meu mundo,

Mudou a forma como vejo a vida,

Mudou a forma como vejo os acontecimentos no telejornal,

E quando alguém te muda de forma tão significativa a nossa existência, é natural que é bom ponderar a melhor maneira de falarmos do momento em que entrou na nossa vida.

Há umas semanas atrás planeamos ir á serra da estrela. Foi no fim-de-semana de 29.11.2008 a 01.12.2008. Foi um fim-de-semana branco, nevou, nevou, nevou.


Acabamos por dormir em Trancoso, uma vila pitoresca junto a Celorico de Basto.

No sábado, estávamos nós a jantar quando deparamos com um placar que falava sobre o que era ser pai a sério.

Confesso que já tinha recebido por email o texto, mas ali ao vivo tinha outro encanto.

Vejam:

Bem, no meu caso só tenho um filho e muito dificilmente aumentarei esse número.

Naquela noite de Maio, entrei na neonatologia para o ver pela primeira vez.


Deitado, de pernas e braços levantados, como se lutasse contra o ar da incubadora, lá estava o meu filhote …

Sim com o nascimento do meu filho começava uma nova era na minha vida.

AI – Anno Iacobus

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A SuperMulher

Há coisas que não entendemos, por inaptidão natural.

Um cego desde o nascimento nunca poderá exprimir o que é ver.

Um surdo de nascença nunca poderá descrever de forma adequada a sensação de ouvir.

De uma forma equivalente, acredito que é impossível a um homem expressar o que é vivenciar um parto.

Que temores, aflições e alegrias uma mulher sente nesse momento mágico?


Pelo avançado da hora, leia-se por má vontade do Freddy Krugger lá do sítio, não assisti ao trabalho de parto do meu filhote.

Fui deixado plantado, entregue às minhas agonias, inseguranças e incertezas, num vão de escada de hospital.

O que se passou ai dará um próximo post, que não deixarei de fazer, dada a riqueza daqueles momentos.


No entanto, desse dia existe uma imagem que guardo.

Sim, vi o meu filho nesse dia pela primeira vez! Foi inesquecível!

Mas mais do que isso, a visão que melhor guardo é a da minha esposa, a Vera.

Acreditava eu que ela terminaria o trabalho de parto abalada, cansada e verdadeiramente de rastos.

Mas o que vi foi outra coisa completamente diferente.

Alegre, com excelente aspecto, sorridente como quem vem de um passeio junto ao mar, apareceu ela, deitada numa maca.

Eu não queria acreditar, mas eu tinha casado com a Supermulher.



Eu e a SuperMulher, alguns anos depois

domingo, 2 de novembro de 2008

Perigo de Afogamento

O afogamento é um sério perigo para a vida das nossas crianças.

Após cair á água, quer seja numa piscina, num rio ou numa praia, a criança terá a tendência de ficar com a cabeça (mais pesada) debaixo de água.

Isso resulta numa morte rápida, cerca de 3 minutos já será fatal!

O site abaixo é de uma organização nos estados unidos que ministra cursos de sobrevivência á queda no meio aquático para crianças.

Veja os vídeos, acredite que vale a pena.

http://www.childdrowningprevention.com


Pedro

2008-11-02

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Dinheiro Não é Tudo


Com Dinheiro pode-se comprar uma casa, mas não um lar.

Com Dinheiro pode-se comprar uma cama, mas não o sono.

Com Dinheiro pode-se comprar um relógio, mas não o tempo.

Com Dinheiro pode-se comprar um livro, mas não o conhecimento.

Com Dinheiro pode-se comprar comida, mas não o apetite.

Com Dinheiro pode-se comprar posição, mas não respeito.

Com Dinheiro pode-se comprar sangue, mas não a vida.

Com Dinheiro pode-se comprar remédios, mas não a saúde.

Com Dinheiro pode-se comprar sexo, mas não o amor.

Com Dinheiro pode-se comprar pessoas, mas não amigos.

Autor desconhecido


Alguns primeiro perdem a saúde a tentar ganhar dinheiro

Depois perdem o dinheiro a tentar recuperar a saúde

domingo, 19 de outubro de 2008

O Grande Dia

O grande dia!

O grande dia nem sempre é o primeiro dia.

Certo escritor antigo disse que:

"Melhor é o bom nome do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento." ( Rei Salomão em A Biblia -Eclesiastes 7:1)

O escritor sagrado procura transmitir algo mais profundo, que, dada a natureza humana, só no momento da morte é que sabemos exactamente quem é a pessoa que temos perante nós.

Mas, se tivéssemos a leviandade de apartar este profundo ensinamento, eu poderia dizer sem nenhuma hesitação ou receio que este homem não poderia ter sido pai e experimentado o turbilhão de sentimento daquele dia.

No meu caso, O Grande Dia como já deve ter adivinhado foi o nascimento do meu filho.

Foi o melhor dia da tua vida? - Perguntarão os mais indagantes e afectados pelo bichinho da indomável curiosidade.

Não sou louco a ponto de dizer que sim, mas também não sou inconsciente a ponto de dizer que não.

Foram pelo menos momentos dos mais intensos, num misto de adrenalina, emoção e medo.

Houve algumas coisas inesquecíveis nesse dia:

Já por semanas que a Vera era a mulher por detrás da barriga, parecia que tinha um tambor escondido dentro do vestido.

Naquele dia, e após umas três ameaças que se resolveram com repouso, chegara finalmente o dia.

Eram uma 8:30 da noite quando fomos direitinhos ao hospital. Mal entramos na auto-estrada encostamos na berma.

Para além de todos os nervos face á situação, agora a Vera vomitava abundantemente com a porta do carro aberta.

O meu coração bombeava todo o sangue que podia. Sentia as minhas faces vermelhas, quentes de todo o frenesim.

Chegamos ao hospital 5 minutos depois!

Em 10 minutos a Vera entrava na área da Maternidade. Fiquei cá fora com a cabeça a vaguear, com cada pensamento a ser atropelado por outro e mais outro.

Não havia problema, afinal um amigo meu tinha ido umas 10 vezes com a mulher á maternidade e era sempre falso alarme.

Deixei-me sorrir, era só a primeira de muitas vezes que viria ali. Um ritual que estava condenado a repetir vezes sem conta, num teste constante aos nervos e á sanidade mental de qualquer um.

"É a sua senhora que está lá dentro?"

Dei um pulo ao ouvir a voz, disse que sim. Sim era eu.

Onde estão as coisas dela? – Perguntou a enfermeira, corpulenta, com uma simpatia de Freddy Krugger.

Ora se toda a gente vai milhentas vezes á maternidade, por conta de ameaços, dores e coisas que tais, por que é que eu ia levar a mala logo da primeira vez ?

Calma, eu tinha deixado na mala do carro, a uns 100 metros do hospital.

Como diria um amigo meu – Fugi até ao carro, peguei na mala e voltei o mais rápido que pude.

Já de mala na mão a enfermeira desapareceu pelo meio das portas de vaivém, que simpaticamente ficaram ali, a dizer-me adeus, como que a provocar-me e a dizer – nem sabes o que ainda vais passar.


No momento em que a enfermeira grunhiu pela mala, eu percebi:

Aquele seria verdadeiramente o GRANDE DIA

Pedro

2008-10-19

sábado, 4 de outubro de 2008

A Noite…

São 4 da manhã de um dos primeiros de dias de Outubro.

Passam poucas semanas sobre a banhada cénica dos Jogos Olímpicos em Beijing na China.

Passam (muito) poucos dias sobre a noticia que as crianças chinesas, e vamos lá ver quantas mais ao redor do mundo, estavam a ser alimentadas com uma coisa de se dizia ser leite, que tinha aspecto de leite, que nas analises de controlo de qualidade se reafirmava ser leite, mas que não passava de um qualquer pó, adictivado com as substancias necessárias a iludir os controlos.

Os resultados imediatos são uns quantos mortos.

Na verdade, uma gota de água na imensidão do impulso procriativo da nação chinesa.

A médio prazo, as consequências serão com certeza muito mais cruéis e duras.

Ninguém consegue estimar quantas crianças terão bebido, ou ainda estarão a beber daquele veneno disfarçado de leite.

Mas, acredito eu, mais uma vez isso não será relevante. Afinal, uns milhares de mortos numa nação cuja população cresce ao ritmo de 10 milhões/ano são algo irrelevante.

A vida é feita disto, de números frios, de cifrões todos-poderosos, de interesses mesquinhos e egoístas e de um conjunto de outras tão indizíveis quanto macabras e assassinas da esperança que procuramos trazer e manter dentro de nós.

Escrevo isto porque são estas pequenas coisas que destroem a felicidade de uma criança, que a marcam para a vida, que a colocam além da recuperação.

São estas coisas que os mergulham na noite da depressão, do desequilíbrio e da falta das coisas básicas que uma criança devia ter direito: Abrigo, Alimento, Alento, Alegria, Amor, Auto-Estima, A… A….A….Z….


De todas as coisas que penalizam uma criança, há uma que julgo ser chave! A possibilidade de ter a seu lado, de forma interessada, atenta e carinhosa um Pai e uma Mãe.

Sobre isso Carlos Tê escreveu de forma, como sempre, brilhante e Rui Veloso interpretou de uma forma não menos genial a musica "Não Me Mintas" que fez parte da banda sonora no filme "Jaime".

A dado passo diz:

Eu queria unir as pedras desavindas
escoras do meu mundo movediço
aquelas duas pedras perfeitas e lindas
das quais eu nasci forte e inteiriço

Eu queria ter barra nesse cais
para quando o mar ameaça a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
que se erguem quando o diabo se assoa

Brilhante, não acham?

Muitas crianças não tem a possibilidade de serem educadas de forma equilibrada e sólida porque não tem as "escoras do seu mundo", os seus pais presentes, para "lhes servir de barra de cais" sempre que as coisas se complicam.

Em 2000, eram 7:30 da manhã de um frio dia de inverno, quando num ápice de falta de discernimento, num movimento de travagem brusco, o meu carro entrou em pião, passou pelas três faixas do auto-estrada e vindo a imobilizar-se na escapatória do lado direito, virado em sentido contrário.

Pode-se dizer que senti o bafo da morte, uma vez que o autoestrada estava lotado, numa típica e verdadeira hora de ponta.

Apenas parti o farolim traseiro do lado esquerdo do automóvel, e garanto-vos que se não tivesse ido á casa de banho de manhã ….

Ainda hoje me pergunto por onde é que o carro passou 3 faixas, em pião sem que nenhum outro carro tivesse se envolvido no acidente.

Quando o carro parou, as minhas pernas tremiam. No entanto o meu primeiro pensamento foi: "O meu filho ia ficando sem pai!"

Num momento de falta de discernimento ou de inépcia lançando o meu filho na noite.

Na Noite de crescer sem o seu pai – Mesmo que a minha esposa refizesse a sua vida, e é minha opinião que o deveria fazer num caso assim.

Na Noite de apenas uma pedra de verdadeira escora e de barra de cais.

Na Noite ….


Passei meses sem mandar arranjar o maldito (ou será bendito?) farolim. Lembrava-me daquela experiencia tenebrosa e única. Mas também da felicidade, do privilégio que é estarmos vivos e junto daqueles que amamos e que nos amam.

E acreditem, não há maior luz que essa para dissipar a Noite.


Pedro

2008.10.04

sábado, 27 de setembro de 2008

Não Tenho Tempo


Sabe, meu filho,
Até hoje não tive tempo para brincar com você
Arranjei tempo para tudo,
Menos para ver você crescer.

Nunca joguei
dominó,
dama,
xadrez
ou batalha naval com você.

Percebo que você me rodeia,
Mas sabe, sou muito importante,
e não tenho tempo!...

Sou importante para números, convites-sociais,
Uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você!...

Não, não tenho tempo!

Um dia você veio com o caderno da escola para o meu lado.

Não liguei, continuei lendo o jornal.
Afinal, os problemas internacionais
São mais sérios do que os da minha casa.

Nunca vi seu boletim
nem sei quem é sua professora.
Não sei nem qual foi sua primeira palavra.
Também, você entende...
não tenho tempo!...

De que adianta saber as mínimas coisas de você
Se eu tenho outras grandes coisas a saber?

Puxa como você cresceu!
Você já passou da minha cintura. Está alto!
Eu não havia reparado nisso!
Aliás, não reparo quase em nada,
minha vida é corrida,
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora,
E se uso aqui, perco-me calado diante da TV,
Porque a TV é importante e me informa muito...

Sabe, meu filho...
A última vez que tive tempo para você,
foi numa cama,
Quando o fizemos!

Sei que você se queixa,
Que você sente falta de uma palavra,
De uma pergunta minha,
De um corre-corre,
De um chute na sua bola.
Mas eu não tenho tempo!

Sei que você sente falta do abraço e do riso,
Do andar a pé até a padaria
para comprar guaraná,
Do andar à pé até o jornaleiro
para comprar "Pato Donald".

Mas sabe há quanto tempo
não ando a pé na rua?
Não tenho tempo!...

Mas você entende, sou um homem importante,
Tenho que dar atenção a muita gente,
Dependo dela...
Filho, você não entende de comércio!
Na realidade, sou um homem sem tempo!

Sei que você fica chateado,
Porque as poucas vezes que falamos é monólogo,
só eu falo.
E noventa e nove por cento é bronca:
Quero silêncio, quero sossego!
E você tem a péssima mania
de vir correndo sobre a gente,
Você tem a mania
de querer pular nos braços dos outros...

Filho, o que você entende de
computador,
comunicação
cibernética,
racionalismo?

Você sabe quem é Marcuse, McLuhan?

Como é que vou parar para conversar com você?
Sabe, filho,
Não tenho tempo!

Mas, o pior de tudo,
O pior de tudo é que...
Se você morresse agora,
já,
neste instante,
Eu ficaria com um peso na consciência,
Porque até hoje
Não arrumei tempo para brincar com você,
E, na outra vida, por certo,
Deus não
terá tempo
de me deixar,
pelo menos,
vê-lo!

Neimar de Barros


Um Desejo Infantil

Um dia destes, um recorte de jornal reproduziu uma breve oração de uma criança.

Dizia assim:


 

Senhor,

Faça de mim uma Televisão,

para que meus pais me tratem como eles tratam a Televisão,

Para que olhem para mim,

com o mesmo interesse com que olham para a Televisão,

especialmente quando a minha mãe assiste a novela favorita e meu pai a cada jogo de futebol.

Eu quero falar como aqueles homens da Televisão,

quando eles falam, toda a família fica em silêncio para ouvir bem o que eles têm a dizer.

Eu gostaria de ver a mamã se admirasse comigo

como ela se admira quando vê a última moda na Televisão.

Eu gostaria que meu pai risse comigo

como ele faz quando os artistas contam piadas na Televisão.

Eu gostaria que meus pais me dessem atenção

tanta quanto dão à Televisão.

Quando ela não funciona, imediatamente chamam alguém para cuidar dela.


 

Senhor,

Eu gostava de ser uma Televisão e assim ser a melhor amiga, a pessoa mais importante na vida dos meus pais.


 

Amém

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Como um cavalo a galope

Imagine-se na expectativa de conhecer ou até mesmo falar com alguém que admira muito.

Alguém que admira tanto a ponto de ser capaz de percorrer centenas de quilómetros, talvez viajar de avião ou de barco por horas só para o ver ou para estar perto dele.

Consegue imaginar?

Então talvez possa imaginar a ansiedade que senti no dia da primeira ecografia.

Não foi uma ecografia a 3 dimensões, toda xpto, em que se tira fotografias e coisas que tal.

Era a ecografia das 8 semanas.

A imagem parecia ser a da televisão Philips da minha avó Emília num daqueles sábados de manhã dos anos 70, em que eu esperava frente á televisão que "o problema deles" – as interferências no fraco sinal, captada por uma rudimentar e mal mantida antena que o meu avô tinha instalado no telhado, e que se traduziam em chuva no ecrã – deixasse ver o velho careca de voz de pato – o Vasco Granja – e especialmente deixasse ver os bonecos que ele introduzia.

Ainda hoje me pergunto porque é que só apareciam bonecos oriundos de grandes potências do desenho animado como a Checoslováquia, a Roménia ou a República Democrática Alemã, e quase nunca apareciam desenhos animados daqueles senhores americanos, como um tal de Walt Disney. Mas enfim estas são contas de outro rosário…

Foquei a minha atenção no monitor. O médico começou a fazer medições no meio da penumbra de nevoeiro que o monitor mostrava.

Para mim tudo era imperceptível. Os meus olhos tentavam de forma quase alucinada descortinar um pequeno contorno, uma simples e ténue linha contínua e regular que servisse de base e indicasse – É ali!

Nada!

Nesses momentos, em que os meus olhos que atraiçoavam, negando-se a reagir e a cumprir a função para que existem – Captar imagens nítidas, codifica-las em impulsos nervosos, e envia-las ao cérebro para posterior analise e tratamento – Ouvi um barulho!

Era verdadeiramente ensurdecedor, parecia um ataque de cavalaria, repetia-se 2 a 3 vezes por segundo, a uma louca cadência. Era uma corrida de cavalos, mas não uma corrida qualquer, era uma corrida pela vida. Sôfrega, violenta, em contra-relógio, como se tudo dependesse de cada "tum-tum" que ressoava.

O médico parou de andar com a sonda. Apareceram números no ecrã, na ordem da centena e meia.

O que seria aquilo?

O médico olhou para mim. Sorriu!

- Ouve isto? – disse ele – é o coração do seu bebé. Vê este quadradinho a piscar? É o coração dele e este barulho é o barulho do coração a bater.

- E como é que ele está? – Perguntei eu, sentindo o meu coração a querer acompanhar aquele pequenino coração cujo som saía pelas colunas do aparelho.

- Está tudo bem! Este feijãozinho é o seu filho, e ele está perfeitamente bem! – disse ele circundando uma mancha um pouco mais escura no ecrã com uma seta que me lembrou os cursores dos sistemas Windows.


O meu filho era um "feijão" de dois ou três centímetros, mas já tinha um coração. Um coração que corria como um veloz puro-sangue a galope, crina ondulante desafiando o vento …

Saímos da clínica felizes como nunca.

Afinal tínhamos tudo para ser felizes:

  • Tínhamos a ignorância própria de quem partilha uma visão com um guru. De quem não percebe nada e portanto tem de aceitar a explicação que nos é dada, muitas vezes em tom solene do alto da cátedra.
  • Tínhamos ouvido as palavras magicas "está tudo bem!" – tudo o que um pai e uma mãe querem ouvir num momento daqueles.
  • Tínhamos ouvido pela primeira vez o seu coraçãozinho a ressoar

O que podíamos crer mais?

Vigilância

Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras;

Vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos;

Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos;

Vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter.

autor desconhecido, pelo menos por mim :)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fui Descoberto …

A minha Mulher (a autora do blog ocantinhodavera.blogspot.com) descobriu o meu blog ….

Estou tramado …

Provavelmente esta será a última vez que vos escrevo, dada a miserável sorte que me espera …

Parece-me ouvir o moto-serra já a trabalhar …

Uma porta abre-se num barulho ensurdecedor …

Deve ser ela …

Como é possível, uma pessoa que está disposta a dar a vida por alguém, ir fazer-me isto …

Pai! – Grita o meu filho num misto de horror, espanto e dor. Deve ser agora …

Que estrondo, que terá acontecido?

Agora é a porta do escritório que se abre – Meu Deus! É agora …

Ela entrou no escritório - Querido, preparei-te uma caipirinha ….

;)




O inicio

Quando é que se sabe que se vai ser pai?

Não temos o privilégio de sentir “algo” a mexer dentro de nós.
Não temos aquele brilho nos olhos e aquele aclarar do rosto, por que todas as grávidas passam poucas semanas após a concepção.

Não sentimos o empertigar descarado e profundamente indiscreto dos seios, a prepararem-se para acalentar, alimentar e relaxar uma nova vida agora a caminho.
Não temos os amigos a por a mão na nossa barriguinha e a dizer – “hum ou muito me engano ou estás grávida”.

Não temos nada disso, temos "apenas" um sorriso doce, uns olhos apaixonados, um tom de voz que nos preenche e que um dia chega junto de nós e anuncia:

"Querido, queria dizer-te uma coisa: vais ser pai..."

No meu caso também não foi assim, foi lindo.
Mais! foi perigoso. Diria radical.

Num certo dia de Outubro de 1999, vinha eu na auto-estrada A1 (Lisboa - Porto), pouco depois da entrada de Sacavém, quando o telefone tocou.

– Tô, querido?
– Olá amor? Então já tens as analises?
– Sim, estou grávida, vais ser papá - disse a voz mais sublime que alguma vez ouvi.
Parece que o meu corpo tinha deixado de obedecer ás ordens do cérebro. Na verdade acho que a minha dúzia de neurónios estava era atarefadíssima á procura de uma prateleira robusta onde pudesse armazenar aquela informação, e muita outra que com certeza viria em seguida sobre o assunto.

Ri
Chorei
Gritei
acho que pulei – se é possível pular dentro de um Opel corsa quando se tem 1,83 e + de 90 kg - mas pronto quero acreditar que pulei :)
(deve haver ai algures um blog onde esteja documentado um contacto alienígena nessa altura e nesse local eh eh eh)

Quando cheguei a casa - 10 eternos minutos de espera, celebramos !

Íamos ser pais, vocês acreditam ?
Dois miúdos de 26 e 24 anos a serem pais ?
Responsáveis pela vida, pela educação, pelo bem estar de uma novo ser.

Nem queria acreditar …

Passaram 9 anos e só vos posso dizer que este foi verdadeiramente o início....