Sim, o que leva uma mulher e um homem a quererem ter um filho?
Dirão os mais críticos que hoje em dia muitas mulheres tomam esta decisão sozinhas, sem necessitarem da aprovação, ou até da participação (que desgraça, se isto pega ….) de um homem.
Sim, é verdade!
Mas o que pretendia não era discutir a emancipação feminina, ou segundo a minha opinião, a oficialização da emancipação feminina, por que na realidade as mulheres sempre fizeram o que bem entendiam, o que muitas vezes correspondia a agir totalmente à revelia do "HOMEM", a autoridade oficial. E não eram só milagres das rosas …
Mas dizia eu:
O que leva um Humano a querer ter um filho?
Se fizéssemos uma pesquisa na internet, no Google, no Bing ou noutro qualquer outro motor de busca sobre este tema, com certeza que iríamos encontrar centenas de hits, sendo que a maior parte deles se devem à inépcia do motor de busca e não é qualidade e relevância do conteúdo encontrado.
Mas, e pondo de parte estas picuinhices da informática, "a ciência que veio para resolver problemas que não tínhamos antes do seu aparecimento", talvez pensássemos em autores famosos como Charles Darwin.
Em três frases, Charles Darwin advogava que os seres vivos só conseguem vencer a luta da sobrevivência e da evolução selectiva por se adaptarem constantemente, dando melhores condições à sua prole para sobreviverem.
Seria como se cada ser vivo estivesse num ciclo constante de reencarnações, sem Karma à vista, procurando em cada uma delas melhorar, fugindo a sete pés de uma extinção previamente anunciada.
Segundo esta teoria, que se procura afincadamente provar através dos achados arqueológicos e de teorizações criativas dignas de um Pulitzer, cada ser tentaria, no limite das suas forças, procriar, transmitindo genes o mais apurados possível, e produzindo o maior número de réplicas possível (quanto mais filhos melhor!!).
Bem e os que matam os filhos?
E os que abortam?
E os que violam os filhos?
E os que trazem subalimentados e doentes, claramente carentes de cuidados?
Embora não esteja em posição de refutar a Evolução, e na verdade nem o pretenda neste fórum, não me satisfaz a justificação ….
Por outro lado, quase todos nós nos países europeus, e sobremaneira nos que beiram o mediterrâneo, fomos ensinados na tradição judaico-cristã do "multiplicai-vos e enchei a terra". Quantos mais forem, mas servos do Senhor existiriam e mais o Seu nome seria glorificado.
Não fora o celibato obrigatório dos membros de boa parte das ordens religiosas, e dos mais proeminentes representantes do ramo Católico Apostólico Romano, entre outros, e eu quase que acreditava que esse era o fundamento para alguém querer ter um filho. Afinal, é popular a política anti-anticoncepcionais que especialmente a Igreja Católica segue. Nesta perspectiva faz sentido, se o objectivo é gerar servos para servir o Senhor, então uma maldita pílula, mesmo que do dia seguinte, um demoníaco preservativo, ou uma qualquer cirurgia que interrompa os fluxos migratórios das células reprodutoras no corpo de um humano são um sacrilégio e portanto algo a ser combatido com todas as energias.
Mas quando olho para poços cheios de cadáveres de crianças encontrados em mosteiros ao cuidado destas ordens religiosas durante a idade média, nos criminosos abusos sexuais cometidos por sacerdotes celibatários sobre coroinhas desprotegidos e que normalmente chegam à imprensa décadas depois com titulo como "Igreja paga milhões de indemnização por abusos contra crianças de 8 anos", o que posso pensar?
Que também não será esse o motivo. Afinal quem pode ignorar esta realidade e justificar os seus actos de forma tão irresponsável e dependente?
Passados estes dois argumentos, o que sobra?
A vontade de ser pai/mãe porque me falta alguma coisa….
Chega a altura em que uma mulher não fica completa se não for mãe – dizem alguns
Ou então a vontade de perpetuar um legado.
"Todo o meu trabalho, tudo o que eu construí será continuado pelo meu filho" – alguns já nem se referem aos filhos como tal, apenas como "o meu herdeiro", como se tudo dependesse de uma porção de refugo, como são as coisas que o dinheiro pode genuinamente comprar.
Mas de todas a que eu gosto mais é a que está sintetizada na expressão:
"Cuida bem do teu filho porque será ele a escolher o lar de terceira idade para onde vais" J
Ou seja procriar não com o objectivo de preservar a espécie, não com o objectivo de contribuir para um desígnio maior, antes com o singelo objectivo de quando for velhinho poder ter quem tome conta de mim, ou pelo menos que me visite de quando em vez, nem que seja só no natal.
Como definiríamos estas ultimas razões apresentadas?
Egoísmo é uma palavra que vos parece bem?
Porque digo que a maior parte das pessoas que fazem filhos, o fazer por egoísmo – sim eu sei que querer ter e fazer não são sempre expressões sinónimas, ate porque muitos dos que os fazem na verdade não os querem ter …
1 Momento de loucura com contas mal feitas – 1 filho
1 "Manguito roto" – 1 filho
1 Casamento tremido – 1 filho
1 Coração vazio – 1 filho
Por isso a tão proverbial frase que nos anos 80 circulava no vidro traseiro de muitos carros – tenha cuidado, 80% das pessoas foram feitas por acidente – profundo mas real.
Avaliado isto, e com tão boas razões para ter um filho, talvez nos perguntemos porque é que a população europeia composta de Cidadãos A - trabalhadores, integrados, socialmente activos e contribuintes líquidos para os orçamentos dos diferentes países do velho continente - está a reduzir-se de forma tão significativa?
Na realidade, parece que os europeus, sabe Deus se por se estarem a tornar ateus, se por acharem que já atingiram a perfeição, se por se terem tornado egoístas a um tal extremo que pretendem auto-satisfação mas só se esta não der muito trabalho, ou por se simplesmente estão demasiado exposto ao stress, à poluição, aos imensos estímulos recreativos que actualmente existem (não é só a TV) e às relações "tipo-coelho" onde muitas vezes o que fica a faltar é saber o nome da(o) parceira(o) fortuita(o) que acabou de sair porta fora e que temos a certeza que não voltará, deixaram de fazer filhos, pelo menos ao ritmo (ritmo aqui é uma palavra infeliz, mas… ) que o faziam antigamente.
Os governos europeus começam a tentar aliciar os casais a ter mais filhos. As benesses que estão a ser atribuídas são tão pouco significativas que os Cidadãos A não se sentem motivados a procriar simplesmente porque isso dará mais 1 mês em casa para um dos pais, ou eventualmente mais uns trocos. Por outro lado, os cidadãos B aproveitam essas benesses e procriam de forma extensiva, aliás alguns deviam estar colectados nas finanças como procriadores, uma vez que o único rendimento fixo que detêm provem dos para cima de meia dúzia de filhos que alegremente conceberam e trouxeram a este mundo à custa do erário público. Isto dá que pensar, uma vez que se por um lado não queremos segregar este ou aquele pela sua condição social, situação económica ou outra, por outro lado não devia ter o estado uma politica que motivasse os Cidadãos A a ter condições para criar os seus petizes, e de faze-lo numa média de 2,1 como dizem os estudos sobre a evolução demográfica?
Nem que fosse em nome da dar uma ajuda à selecção natural de Darwin, permitindo que estejamos neste momento a construir a desagregação da sociedade europeia como a conhecemos e a voltar a um certo tipo de barbárie?
Pois é ….
No meu caso, o meu filhote foi um exercício de egoísmo partilhado com a minha esposa. Acho que não estávamos vazios, ou em crise. Acho mesmo que foi um momento de loucura, mas sem contas, porque quando se faz certas coisas é impossível fazer contasJ.
2009.06.12


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