
domingo, 31 de maio de 2009
O tempo passou depressa
O tempo passou depressa
Tão depressa que nem pediu licença
Por vezes paro e penso
Nas horas que passamos ao telefone
Lembras-te do que dizíamos
Que razão levaria duas pessoas falarem horas a fio
De noite e de dia
Num suave murmurar
De sorrisos abafados e de suspiros de cumplicidade
E as notas que escrevíamos?
Fui Escriba e Buzz,
Fui Amor e simplesmente Pedro
Lembras-te?
Depois veio o tal dia
Há 13 anos
Parece ontem …
Estavas linda!
Lembras-te?
Das fotos até cair para o lado?
Da felicidade de estarmos juntos
De estarmos juntos para sempre.
Passaram 13 anos ….
Parece que foi ontem …
E sabes?
Eu voltaria a dizer alto e bom som SIM!
Este post é apenas para te dizer:
PARABENS
Afinal que maior elogio se pode dar a alguém do que conseguir-me aturar durante este tempo todo? J
O Escriba
Ou melhor, Buzz
Ou melhor, Amor
Ou melhor Pedro
2009.06.01(2009.05.31)
terça-feira, 12 de maio de 2009
A Executiva, a lição
Se alguém se der ao trabalho de ler o meu post sobre "A executiva", que não é mais que um plágio grosseiro de uma revista de gestão conhecidíssima como é a revista Exame.
Aliás, confesso que nem sequer tive a decência de a ler, apenas executei uma tarefa banal e para a qual nem é necessário ter QI como é um erudito Copy Paste a partir de um mail que alguém muito mais capaZ e sabedor teve a bondade de me enviar.
Porque digo isto?
Porque me irrita sobremaneira que na sociedade actual sejamos doutrinados para ter de ser os melhores.
O que é que vos soa melhor?
O meu filho teve boas notas
Ou
O meu filho faz parte do quadro de honra na escola dele
Percebem?
Irritantemente encorajamos a competição e não a excelência
"Em terra de cegos, quem tem um olho é Rei" parece ser o estúpido lema.
Que tal propormos aos nossos miúdos que a sua actuação seja norteada por princípios de verdadeira excelência da solidariedade e da entreajuda, da preocupação de sermos melhores mas não forçosamente os melhores.
Que tal explicarmos que a felicidade se escreve com tempo, com atenção, com palavra, com honra, com dignidade, com apoio e nunca, mas nunca mesmo poderá ser escrita no papel do orgulho, da hipocrisia, ou da indiferença para com o nosso semelhante.
Não coloquemos os nossos miúdos sob uma pressão tal que os impede de viver a sua meninice, de rir, de brincar, de sonhar, e de simplesmente não fazerem nada de quando em vez, porque a vida é muito boa quando vivida assim.
Pedro
2009.05.12
A Executiva
Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no
peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou-se. Quando voltou a
abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.
Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas
vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem
entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida
abordou um dos passantes:
- Enfermeiro, eu preciso voltar com urgência para o meu escritório,
porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida
para cá por engano, porque meu convénio médico é classe A, e isto aqui
está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos?
- No céu.
- No céu?...
- É.
- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do género?
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das óbvias evidências (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo,
ninguém usando telemóvel), a executiva bem-sucedida custou um pouco a
admitir que havia mesmo "apitado na curva".
Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das
infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação
era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber
o bónus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição
de presidente do conselho de administração da empresa.
E foi aí que o interlocutor sugeriu: - Talvez seja melhor você
conversar com Pedro, o encarregado.
- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
- Assim? (...)
- Pois não?
A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente,
imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o
próprio Pedro.
Mas a executiva tinha feito um curso intensivo de approach para
situações inesperadas e reagiu rápido:
- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...
- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?
- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'?
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima
autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em
modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante
currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma
posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.
- Sabe, meu caro Pedro , se você me permite, eu gostaria de lhe fazer
uma proposta. Basta olhar para esse povo todo, só na conversa e
andando à toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes
oportunidades para fazer um upgrade na produtividade sistémica.
- É mesmo?
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia de processos. Por
exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem
é quem aqui, e quem faz o quê?
- Ah, não sabemos.
- Entendeu o meu ponto de vista? Sem controle, há dispersão. E
dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar numa
anarquia. Mas nós dois podemos resolver tudo isso implementando um
simples programa de targets individuais e avaliação de performance.
- Que interessante...
- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um
organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de
perfis psicológicos não consigam resolver.
- !!!...???...!!!...???...!!!
- Aí, contrataríamos uma consultora especializada para nos ajudar a
definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas
factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do
investimento do Grande Accionista... Ele existe, certo?
- Sobre todas as coisas.
- Óptimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing
progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de
procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de
produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico,
por exemplo, parece-me extremamente atractivo.
- Incrível!
- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear
um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é
claro. Coisa assim de salário anual de seis dígitos e todos os fringe
benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para
colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O
desafio que temos pela frente vai resultar num Turnaround radical.
- Impressionante!
- Isso significa que podemos partir para a implementação?
- Não. Significa que você terá um futuro brilhante.... se for
trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever,
exactamente, como funciona o Inferno...
Max Gehringer in (Revista Exame)
