sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Dinheiro Não é Tudo


Com Dinheiro pode-se comprar uma casa, mas não um lar.

Com Dinheiro pode-se comprar uma cama, mas não o sono.

Com Dinheiro pode-se comprar um relógio, mas não o tempo.

Com Dinheiro pode-se comprar um livro, mas não o conhecimento.

Com Dinheiro pode-se comprar comida, mas não o apetite.

Com Dinheiro pode-se comprar posição, mas não respeito.

Com Dinheiro pode-se comprar sangue, mas não a vida.

Com Dinheiro pode-se comprar remédios, mas não a saúde.

Com Dinheiro pode-se comprar sexo, mas não o amor.

Com Dinheiro pode-se comprar pessoas, mas não amigos.

Autor desconhecido


Alguns primeiro perdem a saúde a tentar ganhar dinheiro

Depois perdem o dinheiro a tentar recuperar a saúde

domingo, 19 de outubro de 2008

O Grande Dia

O grande dia!

O grande dia nem sempre é o primeiro dia.

Certo escritor antigo disse que:

"Melhor é o bom nome do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento." ( Rei Salomão em A Biblia -Eclesiastes 7:1)

O escritor sagrado procura transmitir algo mais profundo, que, dada a natureza humana, só no momento da morte é que sabemos exactamente quem é a pessoa que temos perante nós.

Mas, se tivéssemos a leviandade de apartar este profundo ensinamento, eu poderia dizer sem nenhuma hesitação ou receio que este homem não poderia ter sido pai e experimentado o turbilhão de sentimento daquele dia.

No meu caso, O Grande Dia como já deve ter adivinhado foi o nascimento do meu filho.

Foi o melhor dia da tua vida? - Perguntarão os mais indagantes e afectados pelo bichinho da indomável curiosidade.

Não sou louco a ponto de dizer que sim, mas também não sou inconsciente a ponto de dizer que não.

Foram pelo menos momentos dos mais intensos, num misto de adrenalina, emoção e medo.

Houve algumas coisas inesquecíveis nesse dia:

Já por semanas que a Vera era a mulher por detrás da barriga, parecia que tinha um tambor escondido dentro do vestido.

Naquele dia, e após umas três ameaças que se resolveram com repouso, chegara finalmente o dia.

Eram uma 8:30 da noite quando fomos direitinhos ao hospital. Mal entramos na auto-estrada encostamos na berma.

Para além de todos os nervos face á situação, agora a Vera vomitava abundantemente com a porta do carro aberta.

O meu coração bombeava todo o sangue que podia. Sentia as minhas faces vermelhas, quentes de todo o frenesim.

Chegamos ao hospital 5 minutos depois!

Em 10 minutos a Vera entrava na área da Maternidade. Fiquei cá fora com a cabeça a vaguear, com cada pensamento a ser atropelado por outro e mais outro.

Não havia problema, afinal um amigo meu tinha ido umas 10 vezes com a mulher á maternidade e era sempre falso alarme.

Deixei-me sorrir, era só a primeira de muitas vezes que viria ali. Um ritual que estava condenado a repetir vezes sem conta, num teste constante aos nervos e á sanidade mental de qualquer um.

"É a sua senhora que está lá dentro?"

Dei um pulo ao ouvir a voz, disse que sim. Sim era eu.

Onde estão as coisas dela? – Perguntou a enfermeira, corpulenta, com uma simpatia de Freddy Krugger.

Ora se toda a gente vai milhentas vezes á maternidade, por conta de ameaços, dores e coisas que tais, por que é que eu ia levar a mala logo da primeira vez ?

Calma, eu tinha deixado na mala do carro, a uns 100 metros do hospital.

Como diria um amigo meu – Fugi até ao carro, peguei na mala e voltei o mais rápido que pude.

Já de mala na mão a enfermeira desapareceu pelo meio das portas de vaivém, que simpaticamente ficaram ali, a dizer-me adeus, como que a provocar-me e a dizer – nem sabes o que ainda vais passar.


No momento em que a enfermeira grunhiu pela mala, eu percebi:

Aquele seria verdadeiramente o GRANDE DIA

Pedro

2008-10-19

sábado, 4 de outubro de 2008

A Noite…

São 4 da manhã de um dos primeiros de dias de Outubro.

Passam poucas semanas sobre a banhada cénica dos Jogos Olímpicos em Beijing na China.

Passam (muito) poucos dias sobre a noticia que as crianças chinesas, e vamos lá ver quantas mais ao redor do mundo, estavam a ser alimentadas com uma coisa de se dizia ser leite, que tinha aspecto de leite, que nas analises de controlo de qualidade se reafirmava ser leite, mas que não passava de um qualquer pó, adictivado com as substancias necessárias a iludir os controlos.

Os resultados imediatos são uns quantos mortos.

Na verdade, uma gota de água na imensidão do impulso procriativo da nação chinesa.

A médio prazo, as consequências serão com certeza muito mais cruéis e duras.

Ninguém consegue estimar quantas crianças terão bebido, ou ainda estarão a beber daquele veneno disfarçado de leite.

Mas, acredito eu, mais uma vez isso não será relevante. Afinal, uns milhares de mortos numa nação cuja população cresce ao ritmo de 10 milhões/ano são algo irrelevante.

A vida é feita disto, de números frios, de cifrões todos-poderosos, de interesses mesquinhos e egoístas e de um conjunto de outras tão indizíveis quanto macabras e assassinas da esperança que procuramos trazer e manter dentro de nós.

Escrevo isto porque são estas pequenas coisas que destroem a felicidade de uma criança, que a marcam para a vida, que a colocam além da recuperação.

São estas coisas que os mergulham na noite da depressão, do desequilíbrio e da falta das coisas básicas que uma criança devia ter direito: Abrigo, Alimento, Alento, Alegria, Amor, Auto-Estima, A… A….A….Z….


De todas as coisas que penalizam uma criança, há uma que julgo ser chave! A possibilidade de ter a seu lado, de forma interessada, atenta e carinhosa um Pai e uma Mãe.

Sobre isso Carlos Tê escreveu de forma, como sempre, brilhante e Rui Veloso interpretou de uma forma não menos genial a musica "Não Me Mintas" que fez parte da banda sonora no filme "Jaime".

A dado passo diz:

Eu queria unir as pedras desavindas
escoras do meu mundo movediço
aquelas duas pedras perfeitas e lindas
das quais eu nasci forte e inteiriço

Eu queria ter barra nesse cais
para quando o mar ameaça a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
que se erguem quando o diabo se assoa

Brilhante, não acham?

Muitas crianças não tem a possibilidade de serem educadas de forma equilibrada e sólida porque não tem as "escoras do seu mundo", os seus pais presentes, para "lhes servir de barra de cais" sempre que as coisas se complicam.

Em 2000, eram 7:30 da manhã de um frio dia de inverno, quando num ápice de falta de discernimento, num movimento de travagem brusco, o meu carro entrou em pião, passou pelas três faixas do auto-estrada e vindo a imobilizar-se na escapatória do lado direito, virado em sentido contrário.

Pode-se dizer que senti o bafo da morte, uma vez que o autoestrada estava lotado, numa típica e verdadeira hora de ponta.

Apenas parti o farolim traseiro do lado esquerdo do automóvel, e garanto-vos que se não tivesse ido á casa de banho de manhã ….

Ainda hoje me pergunto por onde é que o carro passou 3 faixas, em pião sem que nenhum outro carro tivesse se envolvido no acidente.

Quando o carro parou, as minhas pernas tremiam. No entanto o meu primeiro pensamento foi: "O meu filho ia ficando sem pai!"

Num momento de falta de discernimento ou de inépcia lançando o meu filho na noite.

Na Noite de crescer sem o seu pai – Mesmo que a minha esposa refizesse a sua vida, e é minha opinião que o deveria fazer num caso assim.

Na Noite de apenas uma pedra de verdadeira escora e de barra de cais.

Na Noite ….


Passei meses sem mandar arranjar o maldito (ou será bendito?) farolim. Lembrava-me daquela experiencia tenebrosa e única. Mas também da felicidade, do privilégio que é estarmos vivos e junto daqueles que amamos e que nos amam.

E acreditem, não há maior luz que essa para dissipar a Noite.


Pedro

2008.10.04